terça-feira, 1 de setembro de 2009

quanto a mim, escrevo pela urgente necessidade que tenho de dialogar comigo mesma...
começa com um pensamento latejante concebido aparentemente involuntário no meu espírito, construído pelas impressões com as quais a vida me afetou. este pensamento será ruminado desencadeando outros e outros, a combinação das palavras obedecerá um ritmo que vibra dentro do entendimento, uma sonoridade exigida, necessária, pulsação que condena-me ao seu esgotamento, no que vou escavando, descendo camadas, até que a ânsia primeira seja por inteira despejada no papel, como um parto, uma lágrima, um grito, um espasmo e quando já exausta pareço consumida nela, alcanço ter percorrido todo o caminho e meu trabalho se completou.chega a vez de abandonar como que arrancando o texto de mim, permitindo que ele assuma existência para além de mim, as vezes são dias, as vezes semanas, e após idas e vindas, finalmente e não sem a sensação do inacabamento, me desprendo e fecho a porta e parto.

Kelly Guimarães


Ensaio sobre o tempo

O tempo...
O tempo é simples: os dias, que serão sempre divididos em horas, que por consequência por minutos, e estes em segundos... Os dias se múltiplicarão transformando-se em semanas e seus ciclos de luas, que somados darão em mês, que de quatro em quatro estações chegam a doze, e já viram ano. Ano que é o décimo de uma década. Década que é um décimo de um século. Ano que é poeira de um milênio...
(...)
E que nos resta então? Nem nossas almas serão salvas do tempo? Que alma resiste ao ferro cortante da nostalgia, que nos penetra de forma tão sádica e mortífera, capaz de nos causar nojo e febre. Alma que não quero em meu corpo, pois já estou cansado de dor.
Tempo, tempo, tempo...
E o tempo não para, e não sei ao certo aonde vamos parar nessa estrada a beira mar.

Marco Alexandre